Proibido

É para ser filha da puta? Então seja filha da puta direito, daquelas dignas de apanhar com razão, sem dó de puxar o brinco de argola e arrancar tufos de cabelo.

É para ser amante? Então é para ser amante direito, daquelas merecedoras de tórridas noites proibidas e não apenas nhem nhem nhem. É para ser daquelas que toda mulher, no fundo, morre de inveja. Daquelas que tem o homem na palma da mão, na ponta dos pés, na barra do vestido.

Se é para ter um caso, é para ter um caso direito. Do tipo que se atraca no banheiro do trabalho, incontrolável. Do tipo que passa a mão por debaixo da mesa, que provoca na fila do almoço, que fala besteira no elevador, ao pé do ouvido.

Se é para pegar, então é para pegar de jeito. Usando todos os dedos, friccionando todos os músculos, tocando tudo quanto é parte, agarrando de todas as maneiras.

Se é para brincar de seduzir, então é para seduzir sem medo. Sem pudor, sem muito respeito, sem pisar em ovos, sem escolher local.

Se é só para ser passageiro, é para valer a pena. É ser intenso, palpável, real. É mexer com corpo e alma. É tempestade de verão, tufão, tsunami, terremoto. Devastador, de enlouquecer, de sofrer.

Se é para sofrer, é para sofrer com gosto. De ‘quero mais’, de ‘por que não?’, de desilusão. É doer o coração, o estômago e os rins. É estragar o fígado para afogar as mágoas, esgotar as lágrimas e a playlist de fossa. É ter vontade de assistir a clássicos e morrer de chorar no chão do banheiro. É para se entregar à dor por dias e noites, ver sentido em clichês, citar filósofos, comprar livros de auto-ajuda e fazer brigadeiro às três da manhã. É para se olhar no espelho toda borrada de rímel, nada apresentável, lamentável. Que é para sair dessa logo e levantar do fundo do poço, para começar tudo de novo.

Se é para ser, que seja logo. Porque se é para ser errado, que não tenha nada de certo. Se é para deixar a boa moça de lado, que seja má. Que seja já.

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